COTIDIANO
Raios riscam o infinito negrume,
alumiando formas fantasmagóricas,
que vagam por sítios desconhecidos.
Algures, quimeras lutam entre si,
disputando despojos de idéias mal concluídas...
Seres informes, incompletos e descompletos,
caminham na penumbra,
arrancando uns aos outros partes,
numa vã tentativa de se concluírem...
Fumaça brota do chão,
das paredes musgosas,
dos leitos secos dos rios e dos pântanos infestados,
enovelando-se,
contorcendo-se em volutas,
como serpentes famintas que devoram a própria cauda...
Esqueletos desconexos arrastam-se,
chacoalham-se,
como baquetas regidas por um maestro louco...
Sombras voam e flutuam,
atacando como aves de rapina,
rapinando como abutres,
no lusco-fusco da madrugada...
O urro da besta-fera é de gelar o sangue.
Sinto meu corpo estremecer de medo...
Abro os olhos!
Alguém está me chamando...
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