Oi, tudo bem?

Que bom que você veio.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

JERICOACOARA


JERICOACOARA

Tótila Artigas

Mar verde de esmeralda
água tépida
relaxante
que envolve meu corpo
me abraça como num sonho
Jericoacoara
a praia onde o jacaré dorme
e eu descanso minha preguiça
nas areias brancas
apreciando o céu safira.
Foi onde conheci Maria
bela cearense que me cativou
prendeu meu coração com seu olhar brilhante.
Perdi-me em seus cabelos negros
viajei em seus beijos quentes
tornei-me cativo em seus braços
e dei-lhe todo meu amor.
Jericoacoara
ainda volto lá, para buscar o amor
que lá deixei...

09/11/11

MARIA BAIANA


MARIA BAIANA

Tótila Artigas

Foi na Baixa do Sapateiro
que vi Maria pela primeira vez.
Me olhou com seus olhos de céu sem nuvens...
perdi-me naquele infinito.
Depois desceu comigo no elevador Lacerda
e eu tinha a impressão que subia para o Paraíso.
No Pelourinho,
amarrou com seus cabelos loiros
meu corpo nas suas curvas morenas.
Na praia da Barra,
em seus lábios grossos e sedutores
Mergulhei beijos salgados de mar.
No Farol da Barra,
ao entardecer luminoso
Guiei-me pelas luzes em seu olhar.
Na Ondina,
de mãos e corações unidos,
nossos passos marcaram as areias macias.
Mas foi em Itapuã
que trocamos todo nosso amor...


09/11/11






domingo, 18 de dezembro de 2011

HISTÓRIA INVERÍDICA


Esta manhã, após o jogo do Santos (0) x Barcelona (4), recebi , em minha caixa de correio, um e-mail com o seguinte recado, escrito num pedaço de folha de caderno:

Senhor Fortesletras
Gravação obtida numa ligação telefônica cruzada no meu computador. Por favor, analise se é autêntica.

Como está anônima e eu não tenho condições de confirmar a autenticidade, então a transcrevo no meu blog, para simples conhecimento dos meus leitores.

Rei Juan Carlos de Espanha
Buenos dias, señora presidenta Dilma, como tienes pasado?

Presidenta Dilma
Bom dia, Majestade. Estou muito bem. E vossa alteza, como tem passado?

Rei Juan Carlos
Mui Bueno, Señora.  Preciso tener una conversa mui importante com la señora.

 Presidenta Dilma
Estou às suas ordens, majestade. Pode falar.

Rei Juan Carlos
Es lo seguiente. Proximo domingo jugara Barcelona y Santos, que nosotros esperamos sea um bueno juego. Cierto?

Presidenta Dilma
Certo, majestade, tenho certeza que o melhor time vencerá!

Rei Jua Carlos
Por supuesto, my querida presidenta, stoy cierto de El mejor  vencera!. Y es por iso mismo que estoy telefonandola. Jo quiero recordala que suya mayor empresa de telefonia es espaniola, que seja, la TELEFONICA  de San Paulo. Biem, nosotros estamos pensando seriamente em estudiar unos reajustes de tarifas, que podra ocurrir despues del juego. Acredito que podemos jegar a uno bueno acuerdo.

Presidenta Dilma
Tenho plena certeza que sim...

Rei Juan
Entonces, estamos tambiem pensando acerca la entrada de lãs mujeres  brasileñas en España. Sabe, sin querer parecer grosero de my parte, pero nosotras mujeres estan reclamando de la concorrência desleal que acontece, que estan perdiendo clientes, la senhora, como mujer, deve entender estas situaciones, jo me creo.

Presidenta Dilma
Sinceramente, Majestade, não vejo relação...

Rei Juan Carlos
 Estamos tambiem implantando em Brasil ciertas industrias que, aqui em España, son mucho importantes, y que posibilitam muchos españoles trabajarem...  Entonces, estas empresas podram mudar de idea, y volver a España, no se se estoy sendo claro...

Presidenta Dilma
Sinceramente, majestade, não vejo...

Rei Juan Carlos
Biem, vamos hablar de cosas mas importantes. El time de Barcelona, qui es  uno de mis queridos times, asta ahora já sofrio três derrotas para los brasileños, entonces, no me gustaria  de velo com uma quarta  derrota, la señora my comprende. Tiengo certeza que tomara las medidas ciertas para una conversa rápida com el señor Muricy, para tenernos um muy feliz final de año aqui en España...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FALANDO UM POUCO SOBRE MULHERES








FALANDO UM POUCO SOBRE MULHERES


simonedemelo.blogspot.com

Tótila Artigas

Esta manhã, ao embarcar no ônibus, deparei-me com uma mulher ao volante. Cumprimentei-a com um pouco mais de simpatia que o usual, por ser ela quem é – sempre que embarco no coletivo, desejo um "bom dia", "boa tarde" e, ao descer, "desejo "bom trabalho" ao motorista. Ela respondeu ao meu cumprimento com um sorriso simpático, quase brilhante, eu diria. 


Sentei-me no banco individual, ao lado da porta, lugar estratégico para que eu pudesse observá-la discretamente. Tipo "mignon", morena, cabelos longos pretos, mãos delicadas de unhas longas cuidadosamente manicuradas segurando o volante e trocando as marchas do veículo. E o sorriso permanente. "Se fosse proprietário de uma empresa de ônibus, só colocaria motorista do sexo feminino", pensei. E explico porque: tenho observado que elas são, geralmente, mais atenciosas com os passageiros, mais cuidadosas ao dirigir e, mais importante, mais agradável aos olhos dos passageiros. Não tenho nada contra motoristas do sexo masculino, mas prefiro as do sexo feminino.


Brincadeiras a parte, sou de opinião que a mulher deve ser respeitada pelo ser humano que ela é, não porque galgou postos de serviço que antes era exclusivo dos homens. A jornalista Ana Paula Padrão publicou na revista Isto É, número2194, uma reportagem sobre as mulheres empreendedoras e como esse segmento está crescendo. Cita Elisabete Miranda, que fixou-se nos EUA, abriu uma empresa e foi agraciada com o prêmio Winning Women. Esse prêmio é dado a mulheres que se destacam no mercado americano com idéias inovadoras e coragem para implantá-las — palavras da própria jornalista. 


Uma mulher amiga minha, aproveitando sua nacionalidade européia, uma vez que nasceu lá mas viveu e estudou no Brasil, depois de revezes profissionais em terras tupiniquim, guardou seus diplomas universitários, de pós-graduação e doutorado, e foi ganhar a vida no velho continente trabalhando como terapeuta.


A Deusa tríplice



Citei apenas três exemplos de mulheres que, com a cara e a coragem, enfrentaram o mundo e tiveram sucesso. Mas onde ficam os milhares de brasileiras que não conseguem, por motivos mais variados que existem, alcançar esse sucesso? Que batalham aqui mesmo, neste reinado do machismo, submetendo-se à trabalhar três jornadas diárias, as vezes mais, para dar conta de casa, filhos, emprego, marido? E que não recebem o menor reconhecimento?


Infelizmente, neste estado laico em que vivemos, ainda a mulher é submetida à tirania do sistema religioso que impõe rígidas regras morais na forma de leis arcaicas.


Isis e Osiris


Mas nem sempre foi assim. Houve época, na história da humanidade, que a mulher era respeitada, não só como ser humano que é, mas até divinizada, por ser a procriadora. Esculturas encontradas em escavações, datadas da eras pré-históricas, mostram a mulher grávida, a continuadora da especie. Segundo estudiosos, essas peças eram objetos de culto, de adoração. Nada consta que elas fossem subalternas, inferiores aos homens. E assim surgiu a aurora da humanidade, sempre tendo a mulher como ser igual ao homem, táo igual que as divindades todas eram formadas sempre por um casal: Shiva e Parvati, Baal e Astarte, Amon e Mut, Isis e Osiris, Deusa Terra e Cernuros, só para exemplificar, pois o panteão é imenso. E todas eram tão atuantes como seus respectivos maridos na condução da humanidade. Para reverenciar esses deuses e deusas, haviam os sacerdotes e as sacerdotisas, sempre em pé de igualdade e, em alguns casos, elas mais atuantes ainda. 

jornale.com.br

Deusa Mãe e Cernuros

No mundo dos humildes mortais, as mulheres tomavam as rédeas de governos tanto quanto os homens, como Cleópatra e Nefertiti, no Egito. E foi nesse mundo dos mortais que, em determinado momento, surgiu uma divindade que, segundo seus seguidores, teria tirado a mulher do nível parelho ao homem e colocado em segundo lugar, em nível inferior, culpada de diversos males que levariam o homem ao crime.


De repente, a mulher foi coisificada juntamente com a casa, o servo, a serva, o boi, o jumento: "Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma do que lhe pertença”. (Êxodo 20,17)" (http://www.bibliacatolica.com.br - Biblia da CNBB). (grifo do autor) 


Começou aí o martírio, a perseguição da mulher. Como coisa, ela podia ser vendida, dada, trocada, ao bel prazer do macho dominante (o pai, o marido). A justificativa? O pecado entrou no mundo através da mulher. Foi ela quem se deixou seduzir pela serpente e comeu do fruto da árvore proibida e, o que é mais grave ainda, deu ao homem o fruto, para ele comesse também, segundo Gênesis 3, (op. cit.). 


Até hoje ela paga por esse erro. Quando nasce, o pai deve dirigir sua vida. Felizmente, isso já está mudando, e muitos pais abdicaram do poder de dominar sua filhas, permitindo que estudem, trabalhem, escolham seus próprios caminhos. Pena que ainda ficamos na situação "muitos pais", e não na situação "os pais..." - forma genérica e geral. 


Bem, a mulher conquistou seu espaço na vida profissional do século vinte, como vimos nos exemplos acima. Conquistou? Será? Em muitas empresas, a mulher ainda ganha o que o macho dominante, dono da empresa, acha que ela vale, não o quanto ela merece. E ele sempre acha que ela vale menos que o profissional que executa o mesmo serviço, as vezes sem o mesmo cuidado ou diligência. O salário até pode ser o mesmo, jamais será mais alto, pois a desculpa é que ela tem problemas mensais que alteram seu humor, sua capacidade, sua disponibilidade. Mais desculpas? Ela terá, fatalmente, que se afastar do serviço para atender às obrigações a que a natureza lhe confere: garantir a continuidade da espécie. Isso significará cu$to para a empresa, em forma de ausência no trabalho, queda na produção, necessidade de reposição de mão-de-obra, pagamento de salário garantido apesar de não estar produzindo, etc., etc., etc... Tanto essa situação é realidade que a ampliação da licença maternidade foi duramente combatida, nesta terra maravilhosa do samba e da mulher bonita, por quase a totalidade dos empresários. Não fosse a atuação firme e decidida de suas pares, nos círculos administrativos políticos, e elas ainda estariam trabalhando até o último dia da gestação, parindo seus filhos e voltando a trabalhar no primeiro dia após o parto!


Recentemente, - dezembro de 2011 – três mulheres foram agraciadas com o prêmio Nobel,as liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee, e a iemenita Tawakkul Karman. Conforme a reportagem: "Segundo o presidente do comitê Thorbjoern Jagland, elas representam a luta pelos "direitos Humanos em Geral e das mulheres pela igualdade e paz, em particular." (www.paraiba.com.br).


Ainda existem países que subjugam suas mulheres, obrigando-as a viverem escondidas sob roupas, dizendo que, assim, não excitarão o homem. Tudo por ordem de seres superiores, criados pelo homem (categoria sexual) exclusivamente para possibilitar o jugo do homem (ser genérico) pelo homem (ser governante).


Mulheres pensam, decidem, analisam, mas quando têm que agir, encontram forte resistência do sexo oposto. O representantes das leis também não as favorecem muito, não. Recentemente, um oficial da policia canadense falou que a mulher foi atacada pelo marginal estuprador porque sua roupa era provocante, ela mostrava mais do que devia do seu corpo, portanto, era culpada de ter provocado o homem. Assim sendo, o homem foi considerado "vítima" do poder de sedução da mulher, o que lhe dava total direito de atacá-la, violentá-la, estuprá-la e quaisquer outros nomes que se queira dar ao ato por ele executado. Será que a mulher não tem o direito de se vestir do jeito que se sente bem, confortável? 


O jornalista sentiu-se abandonado, pegou uma arma e descarregou as seis cápsulas nas costas da mulher que tomou a decisão – unilateral diga-se de passagem – de reconquistar sua liberdade longe dele. Ela está morta e ele está livre, aguardando a decisão da lei.


Apenas dois exemplos. Preciso citar mais? O da cabeleireira? É Só abrir os jornais – impressos, falados, digitalizados – e teremos milhares de exemplos! Quantas mulheres são protegidas quando têm sua integridade atingida? Quem escuta seus brados de socorro, de vítima?


Graças a Deus, a lei mineira da legítima defesa da honra não pegou! Senão, qualquer assassino de mulher iria alegar que sua honra foi maculada depois que transou com ela, que ela procurou amor verdadeiro em outros braços ou que ela tenha recusado seu "convite" para fazê-lo feliz.


Não vou discriminar aqui padrões de pele, pois não é meu objetivo. Tampouco vou falar das mulheres que galgaram postos políticos, militares ou cientificos. Não as estou desprezando. Simplesmente, essas mulheres, ainda são seres isolados, infelizmente, que batalharam e conseguiram chegar lá. Seria pieguice de minha parte fazer loas para elas. Minha luta é pela mulher comum, aquela que batalha de sol a sol para sustentar filhos, casa e, as vezes, marido – não vou entrar em méritos deste último motivo. Mulher é, e sempre será mulher, não importa a cor de sua pele. E deve ser respeitada como tal, pois é a parte fundamental para que a espécie tenha continuidade. 


Será que, em plenas calendas do século 21, a mulher ainda tenha que ser sujeitada às vontades do macho alfa? Será que esse macho não percebeu que a mulher faz parte de sua vida, parte tão importante quanto o alimento, o ar, o sol? Que está exatamente no mesmo nível social, econômico, filosófico, que ele?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

DIA DO LIXO

DIA DO LIXO

Ou seria de jogar o lixo no lixo? Recentemente, vi uma propaganda de página inteira numa revista: Seja você também catador por um dia. Ajude a limpar a cidade. CHEGA DE LIXO FORA DO LIXO! EU SOU CATADORA. A foto estampava o simpático sorriso da atriz Marília Pêra.
Meu Deus, que país é este, que é preciso convocar as pessoas para jogarem seus lixos no lixo? Famosos, mais famosos, não tão famosos, aparecem em todos os tipos de media (leia-se mídia, do inglês, e não média, do latim), constantemente, convocando o cidadão brasileiro a jogar seu lixo no lixo!
A realidade é que o povo brasileiro já traz essa falta de higiene no seu gene. Quando o descobridor Pedro Alvares Cabral cá aportou, escreveu ao el-rei as seguintes palavras: "é uma terra riquissima". Estava decretado o saque oficial do continente que viria a ser chamado de americano, na área correspondente ao futuro Brasil. Nada interessava ao colonizador (invasor) que não fosse riqueza monetária. Se a fauna, flora ou mineral pudesse ser transformado em ouro, então, deve ser conservado, se não, destrua-o, para não atrapalhar a extração da riqueza. Isso incluia o habitante original, que atravessou, a pé, imensas distâncias de florestas, desertos e montanhas, navegou milhares de milhas marítimas pelo que seria chamado oceano Pacífico, para chegar aqui e criar, durante alguns milênios, culturas sui-generis. Iniciaram assim o saque e a destruição do novo continente.
Enquanto a riqueza natural era abertamente surrupiada destas terras muito chã, a Europa batalhava a Revolução Industrial. Bem, até aqui, desculpa-se a ignorância humana a respeito da poluição. Não se sabia que o lixo e a poluição produzidos pela Revolução produzia também doenças e matava. Isso era novidade. Mas não demorou muito para que aprendessem. Afinal, a mão de obra estava morrendo por causa da produção de riquezas monetárias. Logo a Coroa britânica percebeu que o Rio Tâmisa estava virando um esgoto a céu aberto e que o peixe que nela nadava, alimento básico, já não alimentava mais!
Na Alemanha, os alemães descobriram que o romântico Rio Reno, o rio da unidade européia, estava seguindo os mesmos passos que o Tâmisa. Já não se ouvia mais o cântico de Lorelei nas suas águas turvas de poluição.
No Brasil dessa época, ainda não havia chegado a poluição industrial, mas a humana não ficava muito longe. Os esgotos dos banheiros eram lançados nas ruas sem pavimento, que a enxurrada se encarregava de limpar, levando-os para os rios, assim como os dos animais também. Até aí, nada de novo. Mas o tempo passou. A revolução industrial chegou ao Brasil. As cidades foram inchando de gente, as favelas, mocambos e outros ajuntamentos sub-residenciais foram se formando. Os rios tornaram-se locais excelentes para se despejar lixo e dejetos de todas as espécies. Não existia a menor infra-estrutura para uma vida saudável. Qualquer local mais ou menos distante de um aglomerado urbano era propício à formação de um lixão.
No início do século XX, a Europa acordou para o problema da poluição e gritou "BASTA!". Estudos começaram a ser feitos para limpar o ar, a água e o solo contaminados. O Tâmisa e o Reno foram despoluidos. Cito esses dois apenas por serem exemplos. A despoluição atingiu a praticamente todos o cursos de água. Sena, Loire, e muitros rios voltaram à vida, depois de serem declarados mortos.
No Brasil, o Tiete e o Tamanduateí tinham suas sentenças de morte sendo decretadas. Todo esgoto, doméstico, industrial, comercial, humano e animal era simplesmente lançado neles. E continuaram sendo lançados, mesmo depois que os rios europeus tornaram-se cem por cento limpos, ou seja, atravessou-se o século vinte e entrou-se no século vinte e um jogando lixo nos rios, etapa final dos lixos largados em qualquer parte do solo brasileiro.
E daí? o leitor inteligente irá perguntar. Até aí, morreu Neres. Isso não é novidade nenhuma.
Bem, não tenho a intenção de falar nenhuma novidade aqui, apenas bater na mesma tecla mais uma vez, tecla essa que bati a primeira vez em 1970, num artigo semelhante publicado num jornal de bairro, e já não era novidade naquela época. O que quero acrescentar é que ainda hoje, quarenta anos depois daquele jornal, que já nem existe mais, ainda ouço o povo brasileiro retrucar, quando a gente fala para por o lixo no lixo: "eu não! Pra isso existe gari!" ou "E eu com isso?" ou "joga no chão, senão gari não tem lixo prá recolher e vai ser mandado embora do trabalho" ! Essa última, então, parece piada, mas já ouvi centenas de vezes.
A vivência no lixo está tão entranhada no brasileiro que não é dificil ver-se alguém depositar o lixo no chão, juntinho ao cesto do lixo. Talvez ele imagine que o lixo vai pular para dentro do cesto!
Infelizmente esse costume está tão arraigado no povo, que não diferencia classe, sexo, idade, cor, posição social, nível cultural, econômico, religioso, e qualquer outro fator que seja inerente a este povo.
Ops! Por favor, tudo o que escrevi aqui foi genérico! Tive oportunidade de ver locais, cidades, pessoas, que se esmeram em não jogar, e não permitir que joguem, lixo em local não adequado. Por favor, se você, que está lendo estas linhas, não pertencer ao grupo de seres humanos a que me referi no parágrafo anterior, não se sinta ofendido. Ofenda-se, isso sim, com os poluidores, que acham que o público não pertence a ninguém e que, por isso, pode poluir o nosso espaço.
Quiça um dia o brasileiro vai descobrir que o público é propriedade de todos, e começar a conservar a limpeza.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ESPUMAS FLUTUANTES

ESPUMAS FLUTUANTES
Rio Cubatão
Herói
que desce as encostas da Serra do Mar
desbravando a floresta milenar,
matando a sede da flora e da fauna
alimentando o homem que rouba de ti o peixe.
Esgoto da civilização,
recebe em paga
toda imundícia que esse mesmo homem produz.
Tuas águas, outrora límpidas,
são, hoje, decoradas com o irisado das químicas
que temperam o peixe suicida que em ti habita
e que será servido no prato do pescador.
Na manhã do sábado ensolarado,
a maravilha tétrica das espumas flutuantes
decora a desesperada corrente turva e opaca que busca o mar,
teu destino,
tão triste e melancólica
que batalha para refletir o azul do firmamento.
Espumas flutuantes,
suprema assinatura do símbolo que mente para o mundo a limpeza
de uma vida que tem sua morte por excesso de lixo decretada.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

EXERCITAR A IMAGINAÇÃO

Recebi o texto abaixo de um amigo que, na minha opinião, é um excelente exercício de imaginação. Obrigado, Herbert.
 EXERCITAR A IMAGINACÃO.

Pra rir um pouco - Vamos fundo.........

De pé, fortalece a coluna; 
De cabeça para baixo 
estimula a circulação do sangue; 
De barriga para cima 
é mais prazeroso;
Sozinho, 
é estimulante, mas egoísta;
Em grupo, 
pode até ser divertido;
No banho pode ser 
arriscado; 
No automóvel, 
é muito perigoso...
Com 
freqüência, desenvolve a imaginação;
Entre duas pessoas
, enriquece o conhecimento;
De joelhos
, o resultado pode ser doloroso...
Enfim, sobre a mesa ou no escritório, antes de comer ou na sobremesa, sobre a cama ou na rede, nus ou vestidos,

sobre o sofá ou no tapete, com música ou em silêncio, entre lençóis ou no closet, sempre é um ato de amor e de enriquecimento, não importa a idade, nem a raça, nem a crença, nem o sexo, nem a posição socioeconômica... 
Ler é sempre um prazer!

DEFINITIVAMENTE, LER LEVA VOCÊ A EXERCITAR A IMAGINACÃO. 

E VOCÊ ACABOU DE COMPROVAR ISSO !

sábado, 30 de julho de 2011

VOLÚPIA


VOLÚPIA
A cama
Qual? A minha, a nossa
Aquela em que estamos deitados
Nossos lábios unidos num beijo quente
Úmido
Nossos corpos colados
Nossos suores se misturando
Tua iniciativa
Subjugas-me sob teu corpo delicado
Teus lábios percorrem os meus
Tua língua desenha o contorno da minha boca
Desce para o meu tórax
Passeia pelos meus mamilos
Que teus dentes mordiscam de leve
Teus lábios me beijam
Sou teu brinquedo
Submeto-me a tua vontade
Tu me dominas
Usas-me ao teu bel prazer
Deixo que explores todos os recônditos de meu corpo
Tuas mãos e tua boca
Acariciando o que mais desejas
Tiram de mim toda a satisfação que podes obter da minha passividade
De verduga tornas-te vítima
Assumo teu lugar e teu corpo
Começo a torturar-te
Deliciando-me em ouvir teus gemidos
Saboreio teus mamilos rijos
Descubro o relevo de teu abdome
Exploro teu vale oculto
Sentindo tuas mãos
Que afagam meus cabelos
Ensinando o caminho à minha língua
Que sorve o sabor do desejo
Busco teus lábios famintos
Nossas línguas se tocando
Nossas pernas se enlaçando
Nossos prazeres se unindo
A dança do prazer
E os suspiros gemidos gritos
Nossos fluídos interagindo quentes
Uma viagem aos píncaros do prazer
E a doce sensação de relaxamento
Como se deitássemos em nuvens
E depois?
O doce e cálido abraço
Tua cabeça em meu tórax
Meus dedos afagando teus cabelos
Meus lábios beijando de leve tua testa
E uma imensa sensação de todo prazer do mundo
Envolver nossos corpos nus


imagem: linhasincertasdadezy.blogspot.com








quinta-feira, 28 de julho de 2011

OUVIDO DE PASSAGEM

Na academia de musculação, onde algumas meninas usam a toalha como tanga para esconder alguns detalhes  do corpo:
Elas escondem agora o que amanhã estarão desejando que alguém olhe, mas que não chamará nem um pouco a atenção! 
Rerere

terça-feira, 26 de julho de 2011

ASSASSINANDO O PORTUGUÊS

ASSASSINANDO O PORTUGUÊS

Sei que estou sendo repetitivo, que já se falou muito e mais ainda se escreveu sobre o assunto, mas não resisto, especialmente depois que o ministro partiu em defesa ao “Livro de Português” que aceita o erro de concordância. A internet e a televisão têm sido os maiores carrascos do nosso lindo idioma. Tenho encontrado sites e blogs, especialmente estes, que primam pelos erros, tanto de grafia como de concordância. Muitos deles procuram ser via de propaganda de profissionais liberais, como designers, alguns de denominando desing (assassinam também idiomas estrangeiros, especialmente nossa segunda língua, o inglês).
As janelas de comentários nos portais de notícias então, são verdadeiro massacre. Quem escreve deve se perguntar para que serve aquele monte de teclas com sinais estranhos, como til, dois pontos, vírgula, pontos de interrogação e exclamação, etc. Quando se lê um comentário, é preciso adivinhar o que o autor está querendo dizer, pois não existe uma mínima referencia sequer se está perguntado, afirmando, pondo em dúvida, etc.
Outro genocídio literário é a inclusão de palavras estrangeiras como se fossem brasileiras, cujo significado não tem nada a ver com o texto. Aliás, não só de estrangeirismos, como no próprio uso do idioma pátrio. É comum ver-se o emprego de palavras que não significam absolutamente nada no contexto do assunto. Recentemente, li em um artigo o excesso da palavra EXCLUSIVE, para dizer que algo estava INCLUIDO no assunto... Outro exemplo é o “encabulado”, muito usado para o autor dizer que ficou revoltado (?) com alguma coisa ...
Se isso é o que os novos gramáticos estão chamando de “internetes”, então, por favor, providenciem cursos on-line (ou onlaini, como já vi grafado) para atualizar os leitores, pois o que está acontecendo é o surgimento de um novo idioma dentro do idioma português do Brasil – ainda não vi tais absurdos em sites dos endereços .pt.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

REMINISCÊNCIAS

REMINISCÊNCIAS
Muitas mulheres conheci.
Muitas mulheres tive.
Todas elas foram felizes comigo.
Suas bocas falaram eu te amo...
Falaram muitas vezes...
Diziam que eu preenchia seus vazios.
Diziam que tinham comigo aquilo que não tinham com quem devia dar-lhes.
E eu as fazia felizes.
Sempre que queriam.
Sempre que desejavam.
Sempre que precisavam.
Eu completava sua solidão...
Eu era a parte que lhes faltava.
No quebra-cabeça da vida, era o pedaço que completava a imagem.
A imagem delas.
Falavam tantas vezes de amor,
Que cheguei a acreditar...
 Mas falavam só uma vez adeus...
E eu partia.
Levando saudades,
Tristezas,
Lembranças,
Mágoas.
Alegrias.
Mas nunca, nunca levei,
Nem nunca deixei
Amor.
Só se leva aquilo de realmente se recebe...
Só se deixa aquilo que realmente se possui...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

EU NA RODA DE LEITURA SOBRE AFONSO SCHMIDT

29 DE JUNHO DE 2011

Semana Afonso Schmidt resgata obra do autor

            A Roda de Leitura promovida pela Sociedade Amigos da Biblioteca - S.A.B. e coordenada pela contadora de histórias, Nalva, teve sua continuação ontem como parte da Semana Afonso Schmidt. Tendo a obra e a vida do escritor cubatense como foco da roda, o evento contou com a presença do poeta e jornalista santista, Valdir Alvarenga, um dos ícones da poesia da Baixada Santista. Antes do início da roda de leitura houve uma apresentação de mímica baseada em dois poemas de Schmidt, Zingarela e O Cigano, interpretados pelo ator Tótila. Os poetas da SAB que foram ao evento participaram interpretando poemas do autor. O público compareceu em bom número e foi formado na sua grande maioria por alunos da Fábrica da Comunidade.


Esta reportagem foi feita pelo colega poeta Facoro para o "artesnasab.blogspot.com". Convido os meus seguidores para visitarem o blog, onde tem notícias sobre a vida cultural e poética de Cubatão.

domingo, 12 de junho de 2011

LOUCUBRAÇÕES

Nossa última flor do Lácio está agonizado. Ou, quem sabe, antegozando com a nossa cara. Afinal, hoje já não se fala mais como se falava nos belos tempos em que essa flor brotava nos jardins romanos. E depois destas loucubrações, não se falará mais nem como se fala hoje (se os filólogos e gramáticos de plantão não me prenderem ou me internarem num hospício!). Bom, por que acho isso? Vamos analisar a nossa adorada língua. Não, não me refiro a que está dentro da sua boca, mas ao idioma que falamos, conhecido como língua portuguesa (não é a língua da portuguesa, não!). Começaremos por ver o alfabeto: a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x y w z. É, coloquei o w, o y e o k, porque estão no teclado, porque eles já caíram fora do nosso alfabeto. Vamos voltar ao alfabeto. Começamos por tirar as vogais: a e i o u. Tem três que são consideradas vogais e duas chamadas semivogais. Será que queriam ser consoantes? As vogais são o a, o e e o o. O i e o u são as tais semivogais. Acho que são semivogais, porque representam a preguiça de abrir a boca que muita gente tem ao falar. Por exemplo, fala-se pratilera onde se deve pôr prateleira. Ou dévi onde deve; às vezes, não põe: dexa e não deixa, pódi e não pode e por aí afora.
Tirando as vogais e semivogais, sobram as consoantes. Consoante diz o Michaelis, consoante forma o fonema (não tem nada a ver com telefonema). Então, vamos ver como são as consoantes. O b faz ba be bi bo bu, o c faz ca ce(?) ci(?) co cu (é assim mesmo, sem acento). Aí começa o problema: se é c, com som de se, então, por que não faz sa so su? Os gramáticos dirão: “tem o s”; eu digo: o s não é ess? Ou seja, não é só soprado? E soprado forte, para não confundir com o soprado fraco do z? Afinal, para fazer o ce e o ci tem o q, que é chamado de que. Portanto, para resolver esse problema, a resposta é qa qe qi qo qu. Prosseguindo, depois do c, vem o d, f, g, opa, outra letra estranha! É ga ge gi go gu. Então, para que tem o j? Só para substituir o g no ge e no gi? Vamos colocar as coisas nos seus devidos lugares: o ge deixa de ser g e passa a ser ge, então, fica ga ge gi go gu, e o j fica ja je ji jo ju. Entendeu? Não? Eu explico: o que era gue, continua sendo gue, só que, agora, é ge, e gi também. Depois, vem o h. É uma letrinha meio estranha, essa. Às vezes, está na palavra, mas não faz nada. O pior, além de não fazer nada, é bradado “com h maiúsculo!”. Qual é a vantagem de fazer nada maiúsculo? Houve um tempo em que queriam tirá-lo daí, mas, daí não deixaram, então, ele continuou não fazendo nada maiúsculo. Bem, concordo que, às vezes, o h é necessário, especialmente quando ouve. Se não fosse o h, não saberíamos, na escrita, se ouve ou se ouve... é, porque, se ouve, não sabemos se ouve ou se ouve... é bom parar por aqui, porque já á muita confusão na escrita, para aver mais confusão no ouvido... ou, no avido...
O j já falamos, o l é l mesmo, se bem que, às vezes, podia ser o ou u. Antes do l, tem o k, mas, como já temos o q, não precisamos dele. O seguinte é o m, meio-irmão do n. A primeira coisa estranha aí é essa estranha paixão do p e do b que só querem ficar juntos do m, quando o n poderia, muito bem, substituir. Afinal, o som do nariz é o mesmo no m e no n. Depois, vem p e o q, qe nós já vimos lá em cima. Aí, vem o r e o s, que é soprado forte, para não confundir com z, que é soprado fraco. O t é t mesmo, mais duro que o d, o v, que é mais fraco que o f... o x, que às vezes é xis, às vezes é qcis, às vezes é z, só para atrapalhar a vida da gente! Se já tem o qcis, que serve para fazer qcis, então o x devia ser só para fazer x mesmo, no xa xe xi xo xu, sem precisar do cha che chi cho chu. O y tá aí só para atrapalhar. O último, mas, nem por isso menos importante, é o z, que é muito bom para dormir... zzzzzzzzzzz...! fim

sexta-feira, 10 de junho de 2011

DEVANEIO

DEVANEIO

Sol primaveril no fim da tarde,
 fresca brisa agita mansamente as flores no campo.
Os passarinhos trocam mil fofocas,
Discutem, cantam e recitam versos,
Enquanto buscam seus dormitórios nas árvores.
As andorinhas mostram a perfeita coreografia do balé aéreo,
Sob o alaranjado do céu.
As flores exalam seus perfumes,
Antes de fecharem-se em suas pétalas.
A garbosa Dama da Noite principia a despertar,
Abrindo-se muito delicadamente,
para saudar a noite que se aproxima.
Enquanto os insetos diurnos buscam seus refúgios,
Os noturnos saem para a sinfonia que fará fundo
Ao balé dos pirilampos.
Nas lagoas, os sapos coaxam em diversos tons,
desde o grave mais baixo até o mais agudo,
passando pelo tenor e contralto – coral perfeito.
Ao fundo,
a cascata do riacho murmurante marca o compasso.
Vênus aparece no poente,
Arauto da fresca noite,
Estrela dos amores e dos amantes.
Olho pela janela do meu apartamento,
no vigésimo andar,
o céu estrelado que se acende,
ao som de intermináveis buzinas, apitos e sirenes,
nas ruas e prédios da minha cidade.

COTIDIANO


COTIDIANO

 Raios riscam o infinito negrume,
alumiando formas fantasmagóricas,
 que vagam por sítios desconhecidos.
Algures, quimeras lutam entre si,
disputando despojos de idéias mal concluídas...
Seres informes, incompletos e descompletos,
caminham na penumbra,
arrancando uns aos outros partes,
numa vã tentativa de se concluírem...
Fumaça brota do chão,
das paredes musgosas,
dos leitos secos dos rios e dos pântanos infestados,
enovelando-se,
contorcendo-se em volutas,
como serpentes famintas que devoram a própria cauda...
Esqueletos desconexos arrastam-se,
chacoalham-se,
como baquetas regidas por um maestro louco...
Sombras voam e flutuam,
atacando como aves de rapina,
rapinando como abutres,
no lusco-fusco da madrugada...
O urro da besta-fera é de gelar o sangue.
Sinto meu corpo estremecer de medo...
Abro os olhos!
Alguém está me chamando...

domingo, 5 de junho de 2011

A ESPERA

O poema abaixo foi feito por uma pessoa muito especial. Não se considera poetisa, mas vê a vida com muita poesia. Branca, achei linda e muito delicada tua poesia. Bjs

A espera
         É sexta-feira...
         as horas se arrastam...
         finalmente chega sábado
         hora do encontro
         ansiosamente esperado
         então as horas voam
         chega o domingo...
         é hora da despedida
         é mais uma semana de saudades
         que lentamente vai arrastando
         minuto a minuto dos vagarosos
         dias de espera...
         até chegar a tão esperada
         sexta feira...
         quanta saudade...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ONÍRICAS - 1



O RESGATE DO CADETE FELIPE
                ...estava dentro da Escola. A faraônica construção de três andares, um edifício chato, mais para retangular que quadrado, todo envidraçado, com amplas portas, escadarias e corredores largos, próprios para permitir o imenso número de crianças e adolescentes aquartelados, era fortemente guardado por um batalhão de adolescentes armados com pistolas elétricas. Essas armas disparavam esferas de aproximadamente dois centímetros de diâmetro que, ao atingir o corpo humano, liberavam uma carga elétrica de alta voltagem, capaz de imobilizá-lo no mesmo instante.
                Confiando que ninguém percebesse que o meu uniforme era de número maior que a minha roupa usual, atravessei o saguão de entrada em direção à escadaria que levava aos dormitórios, no último andar. Alguns alunos me cumprimentaram, pensando que eu fosse um professor.
                Subi as escadas tentando manter a calma. Cheguei ao terceiro andar, que estava deserto. Localizei o corredor onde ficava o quarto do cadete Felipe.  Rapidamente cheguei ao destino. Procurando manter a naturalidade, pois sabia que estava sendo vigiado pelas câmeras de segurança, abri a porta. No instante em que entrei, uma figura pequenina, vestida com um chapéu cônico e túnica preta, como se fosse uma bruxa, entrou atrás. Não faço a menor idéia de onde ela saiu, pois tive o cuidado de observar se havia alguém nas imediações.
                Felipe estava deitado, a tez negra opaca, típica de dopagem. Segurando pela gola do uniforme, chacoalhei-o, para fazê-lo acordar. A bruxinha segurou delicadamente a minha mão. Larguei-o. Ela, então, levou aos lábios do menino alguma coisa que me pareceu uma bala, ou uma folha de planta, não sei exatamente. Ele abriu a boca, ela introduziu a folha lá. Ele fechou os lábios e, lentamente, abriu os olhos. Um débil sorriso surgiu em seus lábios carnudos.
                — Olá, professor, murmurou.
                — Consegue andar? — perguntei, sussurrando.
                — Acho que sim, ele balbuciou, e apontou para uma cômoda na parede.
                Lá estava uma arma. Peguei-a.
                — Está descarregada, resmunguei. Mesmo assim, peguei-a e voltei para ajudá-lo a levantar-se.
                Ele abraçou-me a cintura e eu o sustentei segurando debaixo do seu braço. Saímos do quarto e fomos para a escadaria. Quando estávamos descendo, um cadete da segurança tentou nos deter. Antes que conseguisse sacar a arma, atingi-lhe o rosto com a minha, derrubando-o. A bruxinha rapidamente apossou-se da arma dele, que me entregou em troca da que estava em minha mão. Pelo peso, percebi que aquela estava com a carga completa.
                Aos poucos o garoto foi se recuperando. Quando chegamos ao saguão, ele já conseguia caminhar sozinho. Como era hora de troca de aula, conseguimos nos misturar ao populacho que andava em direção às salas, o que nos camuflou. Não fomos incomodados por ninguém. Fomos, porém, empurrados para uma saída lateral, o que nos desviava do plano inicial de sair pela frente, junto com os alunos. Aquele desvio significava que teria que contornar metade do prédio, cerca de meio quilometro de construção, para chegar ao ponto do resgate.
                A lateral do jardim estava deserta. Começamos a correr pela calçada junto à parede. Naquele lado não havia janelas, o que aumentava nossa chance de êxito. À vigilância das câmeras pareceríamos uma dupla de alunos atrasados para a aula.
                A bruxinha, que parecia flutuar acima do chão, tocou meu braço e apontou para uma portaria.
                Recusei a sugestão:
                — É muito perigoso. O socorro virá pela frente.
             Contornamos o prédio. Um enorme trator de terraplanagem trabalhava no jardim, movendo toneladas de terra. Corremos pelo gramado, em direção ao muro, mais de um quilometro de distância. De repente, alguém deu o alerta. Um grupo de cadetes correu em nossa direção, sacando as armas. Estendi o braço e atirei. As esferas partiram, atingindo alguns dos soldados. Os outros pararam, buscando abrigo. O motorista do trator manobrou-o de forma a nos interceptar. A imensa placa de ferro negro avançou sobre nós. Desviei minha rota, correndo ao longo da lateral da máquina, aproximando-me do motor. Disparei algumas esferas e voltei para junto dos meus companheiros. Logo em seguida, a máquina explodiu e parou. Contornamo-la e continuamos a correr, com os cadetes em nosso encalce. Quando estávamos a aproximadamente cem metros do muro, surgiu uma forma humana com mais de quinze metros de altura, flutuando por sobre as árvores. Era o garoto inflável, que se aproximava. Quando chegamos ao muro, ele já estava lá, segurando no topo da copa de um eucalipto imenso com uma mão. Com a outra, ele tirou uma corda de uma bolsa presa à cinta e lançou-a por sobre o muro alto. O cadete Felipe foi o primeiro. Segurou-se na corda e foi içado pelo nosso salvador para a bolsa. Enquanto isso, eu procurava manter os seguranças à distância, disparando as esferas elétricas. Novamente a corda foi lançada e a bruxa subiu, ou melhor, voou para a bolsa, segurando-se na corda. Quando disparei a última esfera, a ponta da corda caiu do meu lado. Agarrei-a firme, jogando a arma contra os cadetes.
                O menino inflável largou a árvore e flutuou para cima rapidamente, levando-me pendurado...   



  

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A MULHER NA JANELA

A MULHER NA JANELA

A mulher na janela
Olha o outro lado
Os passantes passando
Os andantes andando
A mulher na janela
Espera alguém
Espera algo
Espera ninguém
A mulher na janela
Viaja pelos horizontes
Recortados no infinito
Limitados pelo prédio vizinho
A mulher na janela
Olha os pássaros
Olha as estrelas
Olha o sol e a chuva
A mulher na janela
Olha a nuvem que passa
Olha o avião que passa
O bonde que passa
A mulher na janela
De sua janela
Olha o desejo
Olha a vida
Olha o mundo
A mulher na janela...

Tótila Artigas

terça-feira, 24 de maio de 2011

SAUDADE DE TI

Sigo tua sombra.
Sombra de um pensamento
que caminha os meus passos.
Uma lembrança
Perdida num sonho
Encontrada num desejo
Realizada num momento
No momento de um beijo
Cálido, apaixonado
Beijo de adeus
Beijo de encontro
Beijo de lembranças
Momentos passados
Que permanecem
Tão vivos em minha lembrança.

DISTÂNCIA

DISTÂNCIA
Tu estavas no céu
e eu,
no mais profundo dos abismos.
Via-te,
tão nítida como se estivesses ao meu lado.
Falava-te
e tu me respondias.
Erguia a minha mão 
mas não te alcançava.
Teus olhos brilhantes,
ofuscando as estrelas,
alumiava minha escuridão.
Em meus sonhos,
te abraçava,
aspirava teu perfume,
beijava teus lábios.
Dizia te amo.
Então, de repente,
acordava...
Tu ainda estás no céu.
E eu...
No mais profundo dos abismos...

domingo, 22 de maio de 2011

ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS

Ali Baba no I Encontro Regional de Contadores de Histórias. Por que a mala do Palhaço Fuzuê ali? É que, além de Ali Baba, também sou o Palhaço Fuzuê, o palhaço contador de histórias. O evento foi magnífico, por ser o primeiro mostrou o potencial para divulgar aqui em Cubatão a maravilhosa arte da contação de histórias.E este humilde poeta e palhaço foi convidado a contar histórias que, graças a Deus, agradaram ao meu público predileto: as crianças.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

DESESPERO

DESESPERO

Tótila Artigas

Eu sou poeta.
Poetas usam palavras.
Poetas escrevem.
Poetas constroem frases com palavras.
Poetas pensam com palavras!
Eu sou poeta!
Cadê as palavras?
Caço-as, como borboletas,
com rede,
 mas elas me fogem.
Voam.
Colho-as, como flores,
mas murcham antes que possa escrevê-las...
Preciso de palavras!
Como posso ser poeta, se não tenho palavras?
Se não tenho palavras, como posso escrever poesias?
Como vou falar do amor e da dor?
Como vou falar da morte e da vida?
Como vou falar da volta e da partida?
Preciso de palavras!
Por favor, quem tiver palavras soltas,
palavras perdidas no fundo da gaveta,
quem guardar palavras no cofre do banco,
quem for jogar palavras fora,
dê-mas!
 Preciso delas para escrever poesias,
pois sou poeta...
PROCURANDO PALAVRAS

Tótila Artigas

Onde moram as palavras?
Já procurei palavras nos mais variados lugares.
Busquei-as nos jardins,
mas só encontrei flores...
Procurei-as nos achados e perdidos do Metrô...
mas ninguém perdeu palavras...
Fui ao mercadão,onde acha-se para vender tudo o que existe de diferente,
mas não havia, lá, palavras para vender...
Entrei na biblioteca.
Lá achei muitas palavras, mas não pude levá-las embora.
Então, entrei numa livraria.
Você vende palavras?
Vendo. Que palavras você quer?
Todas... Quero escrever poesias.
O livreiro vendeu-me um dicionário.
Abri-o com cuidado, numa página aleatória, para que as palavras não caíssem.
Quando li em voz alta a primeira palavra, ela voou para longe.
Sumiu da minha vista...
Descobri que as palavras voam quando a gente as lê!
Escrevo, então, minhas poesias falando as palavras em voz alta...
é tão lindo ver as palavras voando ao meu redor, como borboletas...
Pena que, depois que acabo de escrever, elas voam e fogem..
Não se pode prender as palavras, depois que a gente as fala... 

domingo, 15 de maio de 2011



LEMBRANÇA
 sozinho na minha cama,
dormindo um delicioso sono alfa,
 puxei o travesseiro para perto de mim
abracei-o
então senti teu cheiro
no sonho que sonhava com você
   hoje de manhã, quando acordei,
pensei que você tivesse ido embora
ou que fora apenas um sonho
então encontrei,
entre os lençois da minha cama
a tua peça de roupa,
esquecida ontem
bem proxima ao meu travasseiro
  aquele pequeno e delicado pedaço de pano amarelo
com uma flor desenhada
que guarda tão ciosamente teu cheiro


começar de novo

Aqui estou eu de novo, reabrindo meu blog. Estranho que, de uma  hora pra outra, consigo refazer o que já tinha feito. Mas como consegui, vamos em frente. Ainda estou aprendendo a lidar com um blog, por isso, qualquer erro que acontecer, peço que me perdoem meus leitores que, espero, sejam muitos. Como estou renascendo, tal qual uma fenix, vou postar a poesia que já havia postado antes.

Tótila Artigas

 VIDA INTERIOR

Escuro...
Está tudo escuro...
Agradavelmente quente,
Mas... escuro.
Nada sob meus pés,
Nada ao alcance
Das minhas mãos.
Flutuo no escuro...
Escuridão solitária.
O doce embalo morno...
Sem passado,
Sem presente,
Sem futuro,
Flutuo na solidão
Nem acima,
Nem abaixo,
Nem esquerda,
Nem direita,
Só flutuo.
Uma luz...
Um ponto de luz...
(Será alguém
com uma lanterna?
Ou uma lanterna
Sem ninguém?)
Mais luz...
Flutuo na penumbra.
Flores...
Perfume agradável
na penumbra...
Mais flores...
Mais luz,
Cores....
Muitas cores,
Som...
Muitos sons...
Muita luz...
Nasci

Esta poesia foi escrita por mim nos primórdios da minha vida de escritor, ou seja, na adolescência. Foi uma das poucas que sobreviveram aos percalços da minha vida. As outras, viraram cinzas... Mas não tem problema, afinal, a vida é uma poesia onde escrevemos uma estrofe nova todos os dias. Assim sendo, nascemos todas as manhãs. Outras poesias e textos diversos nascerão com o passar do tempo.
Espero que minhas amigas e meus amigos me visitem e deixem seus comentários.